Anarquipélago
Abaixo, poema de abertura do livro homônimo.
Anarquipélago
Submersas e móveis
ilhas
isoladas
sob um sol submarino
ensinam naufrágios a bússolas
no solstício de dezembro.
Não há caravelas
nem argonautas,
apenas náufragos
em águas estrangeiras.
Loucas líquidas latitudes.
mil mares inavegáveis.
Cinco ilhas desconhecidas:
entre elas, no fundo indizível,
vive,
no mar de fuligem, Le bateau Ivre.
Guarda (contrabando na carga)
palavras como âncoras corroídas,
ossos e um mundo fora de prumo.
O velame de velcro avisa
a vagabundos visionários e intempestivos
que só se navega de verdade
verticalmente.
Ilhas em fuga
apagam a teoria dos conjuntos
a falácia de mapas,
o sentido da história,
os gozos memoráveis.
Tantos portos,
tantas palavras
tantas palavras
e nenhum destino.
E se todo caminho for (clan)destino?
Comentários
Postar um comentário