Torquato Neto
Fui
assistir ao documentário “Torquato Neto – todas as horas do fim”. Tão viva
efervescência, tão agitado percurso num país pisoteado. Travessia
Teresina-Rio-Londres. Na volta pra casa, o tempo infiltrou-se no metrô
abarrotado de vida. E o caminho era a
outra face dos pingentes de trens, da estrada que servia apenas para nos
retirar do campo de concentração onde nossos sonhos não cabiam. O tempo era o
outro lado dos que enfrentaram a LSN com LSD, ou milícias do capital com fuzil.
O tempo espalhava morte de poetas aos 28 anos, morte de camponeses anônimos e sem mídia, morte
de celebridades, morte avulsas e em chacinas, a morte em toda a sua extensão de
rainha imperial. Algo pesado, levado por mim ao cinema. ampliou-se insuportavelmente.
O país em que nasci sempre foi um imenso latifúndio de propriedade da morte, a mãe de governos e
regimes estúpidos, a ratazana a roer os sonhos criadores, as criaturas. Vejo-a
em cada esquina, mas insisto-me vivo na dimensão mais acesa, inacabwro,
incabível em começos e términos e sigo adiante recitando de olhos fechados: “eu sou como eu sou / pronome /
pessoal intransferível / do homem que iniciei / na medida do impossível”.
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