Livro de antimemórias, vol. IV, p. 357
Livro de antimemórias, vol. IV, p. 357
Não
que coubesse em palavras, via-se uma longa trilha de cadáveres de significantes
atrás de passos de suave ferocidade, mas veio para falar sobre pântanos e
icebergs. Algo que não ficara claro precisava ser intensificado até ser
alcançado o limite de obscuridade completa. Suas mãos coreografavam uma dança
negra e nervosa como se pudessem alargar hiatos e reticências com o fogo de
fonemas desconhecidos. Tudo o que não fora dito para sempre petrificado, todas
as possibilidades dissipadas em fendas. Nas listas horizontais da saia,
planetas saturninos fugiam a órbitas assassinas. O que ela dizia logo caía
espatifado em mil pedaços que escapuliam como baratas. De nada adiantaria
juntar os hieróglifos em papéis rasgados que fermentavam no chão. Um manequim
talvez guardasse mais elegância, ritmo, fluência, embora perdesse em graça e
eficácia. A sacerdotisa de Delfos não queria voltar para a ladeira do Leblon, permanecia
plantada em sapatos rosa, relógio Cartier dourado, bolsa Gucci caramelada e
duas sacolas repletas de livros e material escolar. Não almejava vingança,
apesar do ódio figadal. Tudo era a natureza oracular soprando forte em seus
cabelos.
São dois textos ? Ou inicio ou meio de uma estória?
ResponderExcluirÉ um fragmento de um livro imaginário.
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