Invento

Adiana Varejão

















Não me lembro de quando é esse poema. Provavelmente da década de 90. Consegui piorá-lo em anos subsequentes. Um conseguirei criar um poema ilegível..


 Invento                         


Tensionadas ao infinito
as janelas abrem-se fábulas
enquanto a noite furta lanternas
ao céu.

Noturna procissão
de pássaros em debandada
sobrevoa
o arco da ansiedade.

Correnteza intangível
mergulha o destino
no inevitável.

A manhã é um porto distante:
navio em chamas
sobre o amargo das palavras.

Escudo de ruínas
retém a chuva;
temporal de perdas
desaba imagens,
desastres,
granizo.

Nada deterá o rosto,
o esforço
em inventar-se,
o grito ao ver-se,
o investigar
o doer-se.

Comentários