Noite aberta
A chuva veio violenta
rápida
intensa.
A água ameaçava
invadir
a espelunca na
esquina
da rua ninguém sabe
onde
com avenida chaga
viva.
As pernas dormentes
estremeciam
a cada gole de
cerveja vagabunda.
Pão e salame fatiado
em prato de plástico
azul
espalhavam os limites
da insaciedade.
Um homem com
expressão de deboche
usava desculpas do
arco da velha
para alguma lacuna na
vida conjugal.
O crush ao lado
de olhos grudados
cuspia em guardanapo.
Um cavaquinho saiu do
banheiro
com as narinas bem
afiadas
enquanto o único garçom,
o Baixinho,
lamentava ter saído
de Quixadá.
Dois olhos verdes
arrancavam risos de
um taxista
ao mesmo tempo em que
me prometiam segredos da carne.
Eu quis fechar a
conta
lembrei-me de que não
sabia fechar
não sabia onde a rua findava
onde a espelunca
começava
onde o ano termina
onde um ciclo se
fecha
onde a saída
Comentários
Postar um comentário