Liquidificador Wittgenstein
Liquidificador
Wittgenstein
Arranquei a palavra
“metalescente”
de uma página de
Hilda Hilst.
Bati-a com máxima
intensidade
num liquidificador
quase em curto
— velocidade cinco
por dez minutos.
Enchi um copo ainda
sujo de cerveja
com o poema líquido
bem quente.
Veja,
algo inesperado
aconteceu no céu da
boca
pro lado de lá donde
se forma o /u/.
Num bloco não
dissolvido
“tal” resistia.
No fundo do copo,
para meu espanto,
intacta, a parte
final
— “ente” —
não se misturava a
qualquer sentido.
As sílabas mortas foram
ao fundo
ou eram apenas
superfície?
Aquilo de que não se
deve falar
sai aos gritos.
Filosofia
ou acidente?
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