O último banco



O último banco

Sentou-se ao meu lado
dentro de saco plástico
um pacotinho de biscoito
verde, semiaberto.
Nada de incomum,
grave,
majestoso,
capaz de despertar
a atenção
de qualquer passageiro.

Apenas algo que se abre,
coloca-se na boca,
mastiga-se de olhos na janela
do ônibus
enquanto se ajeita
o cabelo castanho
nos ombros,
a cabeça nas nuvens.
E tudo acontece
como se biscoito
e vida
só existissem
para serem esmagados
com ruído
surdo,
quase inaudível.

Pouco importa
que o passageiro ao lado
não saiba mais para onde vai.

Comentários