Quando o fim é a origem
Robert Frank |
Quando o fim é a origem
Ontem escrevi cem poemas,
depois amassei bem amassado
cada amostra de ameaça não concretizada.
As pequenas bolinhas de papel,
acostumadas à lixeira de metal,
rolaram minutos de pânico
sob a suspeita de destino ainda pior.
Lancei-as contra o céu inclemente
como se fossem granadas de sílabas explosivas.
Cem pequenos furos surgiram,
cem rios luminosos despencaram
da espessa camada de nuvens
que apagava palavras na página.
E no jardim de ruínas
por breve instante
uma flor residual viveu
vermelha,
intangível.
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