16 quilos de haicai com osso




16 quilos de haicai com osso

Um país no pasto
farto de aves de rapina.
Hienas em festa.

Toda carne exposta,
aberta em altar de ofertas,
de fato é a nossa.

Como já não posso
venerar um velho vício,
ficarei só no osso.

Suave neblina
o passado na voz do vento.
Vivo mil perdas.

Animais líquidos
colados bem pele a pele.
Cama e oceano.

As pernas abertas
enchem a noite chuvosa.
Cavalos no escuro.

Ladeira tão alta,
intensa esteira líquida.
A paixão, um charco.

Limpo do seu nome
a chuva me levou longe.
Amor, novo ramo.

Sem viço sem brilho
guardo o gládio sem vigor.
Lázaro em fúria.

Céu de meia-noite
inunda a intimidade.
Úmido pecado.

Lixo no regato,
galhos, sofás, sacos plásticos.
Solidão e entulho.

Águas misturadas,
chuva e lágrimas noturnas.
Espera pesada.

Do céu cai um lago,
na rua um rio transborda .
Sandália na água.

A chuva desaba
memórias de amor na sala.
Cartas reacesas..

A mulher molhada
perdeu a chave de casa.
Noite sem algemas.

Densa tempestade
devasta velha cidade.
Rios somem n’água.

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