Tomas Tranströmer


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Um céu por acabar

O desânimo interrompe o seu curso.
A angústia interrompe o seu curso.
O abutre interrompe o seu voo.

A luminosidade impaciente escoa-se,
até os fantasmas pedem um copo de três.

Pinturas rupestres vêm à luz,
animais em ocre vermelho de um ateliê glaciar.

Todo o existente olha à sua volta.
O astro-rei é adorado.

Cada ser humano é uma porta entreaberta
que conduz a um quarto para todos.

O solo imenso no qual caminhamos.

Por entre o arvoredo, a água da chuva ilumina.

Lagos são janelas com vista para a terra.


       Tradução de Alexandre Pastor

In 50 Poemas. Lisboa:  Relógio d’Água, 2012

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