Inês Etienne















Inês Etienne
atravessou  o portão
tantas vezes:
prisão
hospital
delegacia
Casa da Morte

Quem sabe
um dia
um país?

Tantos torturadores
delegados
oficiais
médico Lobo
fingindo-se Carneiro
comemorando às gargalhadas
sentença de juiz
amante de Fleury
gêmeo dos seus algozes
o estuprador livre
porque estuprar uma mulher
você sabe, né?
No problem

Os golpes na cabeça
em 2003
(como é linda a democracia!)
operaram prodígios.
No boletim policial,
tentativa de homicídio
converteu-se em “acidente doméstico”.

Não sei como agradecer tanta entrega,
Etienne,
nunca estivemos à sua altura.

As palavras são insuficientes
mas a vida pulsa
em sua direção,
Etienne,
intensa
vermelha.

Apesar do ódio
ontem
e hoje
a esperança é a cor do nosso caminho
Etienne
ninguém apaga.

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