Ulana Azanoff
Ulana Azanoff vive
numa remota aldeia da Sibéria. Já foi internada três vezes em clínicas
psiquiátricas. Publicou um livro (“Desterro na neve”), comprou toda a edição e
queimou todos os livros num inverno muito rigoroso.
Dimitri,
o que é a distância?
Daqui a Irkutsk
ou ao mar de Dara
quantas verstas e mágoas?
Preciso chegar a Krasnoyarsk
atravessar o rio Ienissei
suportar a navalha do vento
riscando o meu rosto
até alcançar Kazan.
Dimitri, ninguém
atravessa a distância?
Partir é movimento sem volta?
E o que encontramos do outro lado
é apenas um convite à nova travessia?
A distância é caminhar no intransponível?
É ela que se instala
em meus poros,
perfura palavras tão antigas
na neblina dos meus olhos
e pendura âncoras nos meus pés.
Quando chegar a Kazan
aos braços de quem não me espera
toda essa distância
ficará gravada como a mancha na lareira
de um fogo que não existe mais.
Dimitri, por que a
distância
quando se abre
é uma flor
que não quer mais fechar?
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