Fagundes Varela
Fagundes Varela não teve a infelicidade de conhecer
Ricardo $alles. Por isso estranhei que, na sessão de ontem, o poeta tenha
pedido para oferecer esse poema ao vizir da destruição amazônica.
O vizir
- Não derribes meus cedros! - murmurava
O gênio da floresta aparecendo
Adiante de um vizir, - senão eu juro
Punir-te rijamente! E no entanto
O vizir derrubou a santa selva!
Alguns anos depois foi condenado
Ao cutelo do algoz. Quando encostava
A cabeça febril no duro cepo
Recuou aterrado: - Eternos deuses!
Este cepo é de cedro! E sobre a terra
A cabeça rolou banhada em sangue!
In Poemas de Fagundes Varela. Seleção, introdução e notas de Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Cultrix, 1971. p. 46.
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