Salmo, Paul Celan
Salmo
Paul Celan
Ninguém nos molda outra vez de terra e barro,
ninguém encanta nosso pó,
Ninguém.
Louvado seja você, Ninguém.
Por ti queremos
florescer
De encontro
a ti.
Um nada
Éramos, somos, continuaremos
sendo, florescendo:
a rosa de nada, a
rosa de ninguém
Com
o estilete almaclaro
o estame celestiárido,
a corola rubra
do nosso canto que a palavra
purpura
sobre, ó por sobre
o espinho.
In CELAN, Paul. A rosa de
ninguém. Trad. Maurício Mendonça Cardozo. São Paulo, Editora 34, 2021, p. 67.
Comentários
Postar um comentário