"Omnia vincit amor", disse Virgílio
No início do século,
após algumas experiências desastrosas, achei que não sobreviveria. Felizmente a
morte não foi com os meus cornos. Usei a poesia como muletas. Aliás, eu a uso
para quase tudo, menos para ganhar dinheiro.
Esse soneto-retalho
de citações escapou da série "21 poemas que não deram certo" para não
dar certo aqui.
O fracasso é algo
deslumbrante. E vicia.
* * *
"Omnia vincit
amor", disse Virgílio.
Ignorava a vil, rara
e ignara raiva
a me levar a alma a
feroz exílio,
naufragando em
sombras a carne viva.
"O amor não tem
idade", diz Pascal
em suas notas,
"está sempre a nascer".
Converte-se em
manuscrito do mal
minha paixão –
sentença do sofrer.
"Só se ama
aquilo que não se possui
completamente",
a luz de Proust intui:
sentir é soletrar a
sua ausência.
Santo Agostinho
afirma que "a medida
do amor é não ter
medida". E a vida
mostrou-me ser o amor
pura demência.
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